Terapia de Casal

A difícil tarefa de rever o relacionamento


Existe uma hora certa para começar a terapia de casal? Acredito que não, o fundamental é reconhecer a insatisfação e evitar que se chegue a uma crise crônica, pois essa sim pode diminuir o sucesso dentro do espaço terapêutico.
Muitos casais sequer procuraram ajuda profissional, por pensar  que já fizeram de tudo para a melhora da relação, contudo ser a última opção não faz da terapia o lugar dos fracassados, ao contrário, existe um esforço para pelo menos entenderem como essa crise chegou a relação.

Pode-se destacar algumas questões que chegam como queixa ao consultório: a falta de comunicação e sexualidade; brigas constantes; desemprego; chegada de um filho; mudança de cidade, caso extraconjugal entre outros.  Cabe ressaltar, que quando falo em casal não faço referência a casamento na igreja, cartório e também não falo de relacionamentos heterossexuais, para mim um casal é formado por duas pessoas que trazem uma história em comum.

A terapia de casal pode ser breve, mas não prevê uma solução imediata para a crise. A proposta é ampliar as conversas, sair do discurso oficial da crise e tentar encontrar recursos para seguir adiante.

Gosto de pensar nas conversas dos casais com algum tipo de conflito como uma sinfônica mal orquestrada, onde tocam ao mesmo tempo, mas necessariamente estão tocando juntos.

Percebo com frequência a dificuldade de um dos membros do casal para chegar ao espaço terapêutico, contudo deve-se ter em mente que esse espaço não é um tribunal, onde as partes são obrigadas a depor. Não estou ali para apontar erros ou acertos, vítima ou culpado e muito menos dar conselhos para um casal que, entre eles, já se conhecem bem.

A terapia começa a ter sucesso quando ambos percebem que há um acordo, um contrato estabelecido, assim deixam de culpar um ao outro pelo sofrimento da relação. Quando um se coloca no lugar do outro a maneira de se relacionar se torna mais leve e acaba por abrir portas, com a possibilidade de cada um se reinventar.  Enfim, a terapia começa a fazer sentido no momento em que cada um percebe que é um e resolve seguir junto ou separado do outro, sabendo que a única pessoa insubstituível é ela mesma.

Enfim,


"ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria fazer a seguinte pergunta: você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até a sua velhice? Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar." (Nietzsche)